terça-feira, 7 de agosto de 2018

Museu Cinema Paradiso


Manoel Francisco Coutinho, o Manoel do Cinema

Museu em São Bento do Sapucaí (SP) traz raridades cinematográficas
 
Salvatore Di Vita, o Totó, é um cineasta bem-sucedido que vive em Roma, na Itália. Um dia ele recebe a notícia da morte de um amigo do passado.

As lembranças o fazem recordar de sua infância e de como nasceu a paixão pelo cinema – narrativa que marca o filme ítalo-francês Cinema Paradiso, de 1988.

A história de Totó confunde-se com a de Manoel Francisco Coutinho, o Manoel do Cinema, cinegrafista, e apaixonado por cinema que vive em São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo.

Após reunir doações de objetos cinematográficos por quase 20 anos, Manoel do Cinema construiu um acervo riquíssimo, composto por filmes, câmeras, projetores, lâmpadas, cartazes, entre outros equipamentos raros. “Quem vinha me visitar ficava encantado”, recorda.

Até que Manoel decidiu liberar um cômodo de sua casa e adaptar o espaço para visitação pública, a fim de compartilhar aquilo com mais pessoas. Surgia, há dois anos e meio, o Cinema Paradiso – O Museu do Cinema, um dos poucos museus especializados no país.

Localizado bem no centro de São Bento, uma pequena estância turística na região do Vale do Paraíba, o Museu Cinema Paradiso é aberto ao público nos finais de semana e os visitantes não precisam pagar nada para conhecer o espaço.

Manoel abre a porta de sua casa para aos visitantes pura e simplesmente por amor à sétima arte. A ideia é passar ao público emoções, alegrias e recordações de um passado de glórias dos antigos cinemas de rua, compartilhando com cada visitante as histórias passadas dentro das salas de cinema nos áureos tempos.

“É emocionante você ouvir as histórias do pessoal que vem conhecer o museu. Se eu fosse gravá-las, não teria uma fita suficiente para caber todos os depoimentos”, conta.

Para o idealizador do projeto, é muito gratificante ter a oportunidade de compartilhar seu acervo com o público. Por isso, ele não cobra nenhum tipo de ingresso dos visitantes. “Essa é a minha alegria: compartilhar emoções de um cinema antigo porque, infelizmente, o hoje não passa emoção”, justifica.

Acervo raro

Quem visita o Museu do Cinema encontra um acervo raro, construído ao longo de duas décadas. Manoel tem dois projetores de 35 milímetros funcionando perfeitamente.

Esse tipo de projetor foi muito utilizado no século 19 e até o final do século 20, mas acabou sendo substituído pela tecnologia digital. Quando recebe um grupo de visitantes, Manoel costuma ligar os equipamentos e projetar imagens na parede.

Os visitantes também podem ter acesso a projetores de 8 e 16 milímetros, cartazes originais de filmes pintados à mão, fotos de artistas, carvão de projeção, filmadoras, filmes, lâmpadas, ingressos antigos, dentre outros equipamentos.

Dentre os filmes mais lembrados pelos visitantes, destaque para praticamente todos de Amácio Mazzaropi e também para Marcelino Pão e Vinho, de 1955.

 O Museu do Cinema recebe uma média de 600 pessoas por ano e o público que visita é bem diversificado. “São pessoas interessadas em conhecer o meu trabalho e, na grande maioria, turistas que têm um certo conhecimento sobre cinema e ficam sabendo, por meio do Facebook”, conta.

O gestor recepciona o público somente nos finais de semana, mas, se algum grupo se interessar em visitar durante a semana, é possível fazer contato com ele e agendar.

O Cinema Paradiso é único museu específico sobre cinema existente na região do Vale do Paraíba.

Outros projetos

Além do Cinema Paradiso, Manoel mantém um projeto social que leva sessões de cinema aos bairros carentes de São Bento. Ele leva todo equipamento cinematográfico no carro até o bairro e projeta filmes nas comunidades. “São pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ir a uma sala de cinema em um shopping e, nas projeções, a alegria é nítida nos olhares”, emociona-se.

Outro projeto de Manoel é o Cine Clube Paradiso, que deverá ser inaugurado em breve. A ideia é receber o público na garagem de sua casa e oferecer sessões gratuitas de cinema.

Texto e imagens reproduzidos do site:  a12.com/jornalsantuario

Nenhum comentário: