quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Análise: Cinéfilo, uma arte além da diversão


Publicado originalmente no site Maxiverso, em 27/09/2017

Análise: Cinéfilo, uma arte além da diversão 

Por Rodrigo Rodrigues *

Antigamente, os cinéfilos que procuravam se aprofundar um pouco mais sobre um filme através das críticas, ficavam a mercê de poucas publicações periódicas; ou senão, as opiniões vinham de poucos críticos de grandes veículos, cujas análises não eram tão aprofundadas e embasadas em linguagem cinematográfica em si (não que esteja errado, mas para minha visão de crítica de cinema isso é pouco).

Com o advento da Internet, centenas de blogs e sites se multiplicam na rede (inclusive o próprio Maxiverso) falando sobre cinema e afins. Todavia, parece que proporcionalmente ao fato de nunca ter se falado tanto sobre cinema em termos quantitativos, torna-se cada vez mais difícil encontrar veículos ou até mesmo críticos independentes que realmente estejam dispostos a discutir cinema como um todo e não somente dizer algo sobre um grande lançamento de determinado filme de super-herói ou falar apenas se o filme é “bom ou ruim”.  Tanto que este gênero (de heróis) foi também um dos principais motivadores a escrever esta crônica, pois a cada crítica que publico sobre um filme baseado em HQ, a reação dos tais fanboys acaba tornando a discussão sobre cinema, em muitos casos, em vão.

Acredite, é desmotivador você escrever, dedicar, contextualizar, pesquisar, estruturar e revisar um texto para no fim uma pessoa comentar que “o crítico é tendencioso e prefere determinado personagem de um editora de quadrinhos em detrimento ao da outra“, discussão esta completamente inútil e irritante. Ou, quando não, a única coisa que a pessoa atenta para um texto de quase 1.000 palavras é o número de estrelas dado ao filme. Inclusive, o Maxiverso publicou um texto sobre a tal “guerra entre Fãs x Críticos”, baseado no filme Batman vs. Superman – A Origem da Justiça (leia aqui).

Assim, até aos dias atuais, acho que mesmo que tenhamos excelentes sites sobre o assunto, pouco se evoluiu com relação a estes formadores de opiniões e mídia em geral em criarem um público mais crítico e que consiga enxergar um filme além de um simples entretenimento –  fazendo com que o espectador procure mais respostas que perguntas dentro de um filme, como tão bem disse o diretor Michael Haneke sobre o cinema americano. Enfim, poucos são os profissionais (ou veículos) que buscam passar um conhecimento técnico e apurado para o público, e não necessariamente somente dizer se o filme é bom ou ruim, ou se gostou ou não do filme, mas sim contextualizar a obra – tanto socialmente quanto historicamente  – através de um texto agradável de se ler fazendo o leitor a buscar mais sobre o assunto e despertando o debate sobre determinado assunto. Para cada site que se preocupa em desenvolver um público com consciência cinematográfica, existem outros tantos que apenas passam um informação de maneira superficial, agressiva , por vezes infantilizada querendo chamar mais atenção que o próprio filme em si.

Se gostamos ou odiamos um filme, isso aconteceu por uma série de decisões dos realizadores que levaram àquela sensação que tivemos ao vê-lo,  até porque boa parte do que acontece dentro do cinema (filme) foge do empírico.

Ademais, para minha imensa decepção, percebo que muitos ditos críticos que preenchem, por exemplo, as cabines de exibição para imprensa (e sites), apesar de terem bom conhecimento para discutir um filme como alguém que ama o cinema (algo obrigatório para exercer o papel de crítico), parecem negligenciar muitos aspectos técnicos e humanos quando analisam uma obra. Assim quando vejo um filme que apresenta claramente problemas em sua narrativa e algumas pessoas sequer identificam conceitos básicos de um roteiro – algo comum, por exemplo, em um filme baseado em livros, me pergunto o que vale meu esforço em estudar sobre o assunto se o tal “crítico” diz que a obra não está fiel a fonte de inspiração. Fora que tal conceito acaba refletindo em parte do público e obscurecendo a visão sobre o cinema em si, pois vão criando um público que começa a achar “chata” uma crítica com análises técnicas e que procure desenvolver um tema.

Eu escrevo sobre filmes aproximadamente há mais de cincos anos e ao pegar um texto de 2012, por exemplo, e um atual, é inegável e óbvio que evolui. Todavia, jamais poderia sequer supor que sou um grande crítico de cinema, mas continuo sempre estudando sobre a matéria, fazendo cursos e, claro, assistindo o máximo de filmes possíveis (principalmente os ditos “antigos”) para cada vez mais ter referências (lembrando que isso não me isenta de erros que possam surgir, facilmente identificados por alguém mais experiente talvez. E caso aconteça, devo ter humildade pra reconhecer tais falhas e limitações)

Contudo, citarei abaixo alguns itens que acho interessante para alguém que realmente “deseja” se tornar um cinéfilo e diz gostar de cinema. Lembrando que não se trata de um manual de conduta, pois cada um gosta e vê o filme que bem desejar; mas o cinema precisa que seu público o compreenda, assim como o respeite como arte com uma linguagem própria e que permita – como expressão artística – se “aproveitar” do público e vice-versa, do mesmo jeito que o público de uma peça ou musical aproveita mais o espetáculo se entender a estrutura da arte em si. Para mim esses itens deveriam sempre permear as opiniões de quem realmente se diz cinéfilo, pois acabariam indiretamente despertando a discussão sadia.

“O Cinema é, antes de mais nada, uma arte, um espetáculo artístico. É também uma linguagem ética, poética ou musical, com uma sintaxe e um estilo, é uma escrita figurativa, e ainda uma leitura, um meio de comunicar pensamentos, veicular ideias e exprimir sentimentos (…). Fazer um filme é organizar uma série de elementos espetaculares a fim de proporcionar uma visão estética, objetiva, subjetiva ou poética do mundo, com coisas, e não com palavras, numa linguagem que cabe a nós decifrar. O cineasta oferece-nos uma visão pessoal, insólita e mágica do mundo.” (Estética do Cinema, Gerard Betton).

Repetindo: Não é minha intenção criar ou doutrinar alguém sobre seus gostos, mas sim atentar para características que acho importantes para se apreciar melhor o cinema. Assim como não estou dizendo, como crítico, que sou uma maravilha, pois cometo erros e estou em constante processo de aprendizado (ainda me falta uma infinidade de filmes para conhecer). Mas, procuro sempre manter um respeito ao cinema e às pessoas que buscam dentro dos meus textos, um pouco mais de informação sobre a sétima arte para ver um filme com um olhar mais apurado.

> Assistir filmes em preto e branco e os ditos “antigos” de todas as épocas (décadas de 1910, 20, 30, 40, 50, 60…), pois estas obras moldaram o que sabemos sobre cinema hoje. Este item é algo quase impensado em jovens (e até adultos cinéfilos), pois me entristece ouvir das pessoas que “filmes em preto e branco são chatos” como se existisse algo intrínseco na obra com este formato que denunciasse sua qualidade. Portanto, veja o máximo de filmes possíveis.

> Cinema brasileiro não se restringe às comédias de “globochanchadas” com o Paulo Gustavo vestido de mulher ou o Leandro Hassum gritando. Pior, ainda dizem que o cinema brasileiro é ruim (se baseando em obras como estas, realmente “é vero“). Entretanto, nossa diversidade étnica e cultural é refletida no nosso cinema, o problema é que a maioria dos filmes não chega ao grande público devido a pouca diversidade das programações. Portanto, procure um pouco sobre a história do cinema brasileiro e seus clássicos e lançamentos recentes (que não seja somente os citados acima). Você encontrará grandes filmes!

> Procure ler (e ver, claro) sobre os grandes movimentos do cinema (e sua origem em si), como os filmes feitos pelo formalismo russo inspirado pelo construtivismo (Eisenstein), por exemplo, que foram fundamentais para o cinema tornar-se o que é hoje. Assim como a nouvelle vague (François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais…) e o neorrealismo italiano (Antonioni, Fellini, Vittorio de Sica…) que foram são fundamentais para entender como nasceu a Nova Hollywood na década de 70 de diretores como Coppola, Scorsese, Spielberg, George Lucas, Polanski, Brian De Palma, etc…

> Se realmente gosta de cinema, procure saber um pouco também sobre linguagem cinematográfica – pelo menos o básico. O que é uma montagem, uma fotografia, quais os movimentos de câmera e seus significados, o que são planos e quais existem, o que é uma direção de arte, o que torna um roteiro bom ou ruim etc. Garanto a você, sua experiência ao ver um filme será potencializada na medida em que se aprofundar. Falo por experiência própria!

> Fellini e Sergio Leone, por exemplo, são fundamentais para os mais jovens que acham Tarantino (muito influenciado por Leone) o “maior gênio” que o cinema produziu – não estou dizendo que ele não seja um. Assim, como os fãs de Tim Burton (como também sou) devem procurar saber o que é expressionismo alemão que influenciou obras como “Edward, Mãos de Tesoura“. Ou seja, antes de idolatrar um diretor ou um filme, pesquise sobre o que veio antes e suas influências – e obviamente assista tais filmes. Assim, dependendo da situação, você terá mais referências e conteúdo para criticar um filme ou segmento que se julgue “visionário” como se tivesse descoberto algo novo.

> Respeite atores com idades avançadas, pois os astros e galãs que são idolatrados hoje envelhecerão e suas obras serão seus legados. Infelizmente em Hollywood cada vez mais os papéis para atores mais velhos estão escassos, a ponto de estrelas como Uma Thurman (que sequer chegou aos 50 anos) e Susan Sarandon sempre ratificarem em entrevistas que os papéis na maioria não são tão bons. Isso acarreta também, principalmente nas mulheres, a obrigação de sempre se “manterem jovens” através de cirurgias plásticas (o que normalmente não dá certo como a própria Uma Thurman e Kim Basinger podem comprovar). Como diria Al Pacino: “Envelhecer em Hollywood é um mau negócio“.

> Não existe um juízo de valor que separe um filme “cult” de um “blockbuster”. Todo filme é uma obra de arte, contudo, devemos saber mensurar suas qualidades, defeitos e importância.  Neste caso, o papel do bom crítico de cinema ajuda; então assista o máximo de filmes possíveis e procure analisá-los de acordo com estes critérios!

> Cinema não é somente feito de filmes baseados em super-heróis de quadrinhos. Portanto, assista também filmes de outros gêneros e países. Sua cultura agradece e a discussões na Internet também. Me lembro, por exemplo, que jamais tinha ouvido falar do diretor e vencedor de dois Oscars Asghar Farhadi até o conhecer através do excelente A Separação (2012). Hoje, me tornei fã do diretor e acabei procurando seus outros filmes como os excelentes “A procura de Elly”, “O Passado” e “O Apartamento”. E não foi por causa disso que deixei de ver filmes de super-heróis!

> Evite o máximo possível de informações antes de assistir um filme. A expectativa pode arruinar sua opinião sobre o longa, assim como ficar discutindo e dissecando um trailer é inútil – guarde sua capacidade analítica para durante (em silêncio) e depois do filme. Ademais, me incomoda muito ver sites publicando vídeos com a reação do público (ou deles mesmos) ao verem o novo trailer do novo filme de determinado super-herói ou determinada saga não agrega em nada. Assim, como é decepcionante, ver tantos sites se resumindo as discussões em curiosidades sobre “aguardado” trailer do novo filme do herói de quadrinhos ou fomentando debates sobre a versão de diretor “x” será melhor que do diretor “y” (adoraria que tais sites dedicassem tamanha vontade para discutir , ou pelo menos, para apresentar textos ou críticas que agregassem algum valor cinematográfico)

> Não caia na propaganda destas salas XYZ-MAX super, hiper, mega modernas, como som Max Double Diamonds Stereo. Claro que conforto e qualidade na projeção são importantes (inclusive já tive uma percepção errada da fotografia de um filme devido a péssima projeção). Mas se o filme (diretor) não souber trabalhar os elementos cinematográficos de maneira correta, tais elementos tecnológicos na sala de exibição não servirão para nada, pelo contrário, vai piorar a experiência – e pior, pagando-se caro para se assistir. Imagine assistir um filme do Michael Bay numa salas destas. É uma tortura pura passar mais de duas horas assistindo um filme do diretor com sua característica permeado com trilha sonora ao extremo, cortes rápidos e câmera balançando sem parar.

> Crítica não foi feita para dizer se você está certo ou errado quando diz que gosta ou não de um filme,  e sim para agregar conhecimento cinematográfico ao leitor ao ver um filme. Mas um filme que você gosta, não é necessariamente um bom filme, pois gosto não se discute, qualidade sim. Fuja de críticos que comecem seus vídeos gritando “Faaaaala galerinha, beleeeza” (caso seja um Youtuber com milhões de visualizações e zero de preocupação com a informação que esta passando) e aposte naqueles, que mesmo que você não concorde com a opinião, procuram demonstrar através da linguagem cinematográfica (com exemplos e referências tirados do próprio filme) como chegou àquela opinião de maneira contextualizada – sem gritos ou tratando o espectador como criança.

> Fuja também dos fãs e/ou críticos que dizem que não gostaram de um filme por “não estar fiel a fonte” de inspiração. Cinema é algo completamente diferente de literatura ou quadrinhos. E caso você enverede a escrever críticas sobre filmes (fora o fato de ler bastante sobre o assunto) não aja como um fã cuja discussão mais relevante é “briga” de editoras de HQ ou se a cor da sunga do uniforme do herói é a mesma da saga “tal”. Nestes casos o que deve ser respeitado é a essência do personagem, assim consequentemente o resto virá de maneira natural. Até porque sendo “baseado” (palavras que as pessoas ignoram), o roteiro de um filme deve ser algo completamente novo e não é obrigatório seguir a risca sua fonte de inspiração.

> Caso ache um filme “chato”, “não aconteceu nada” ou “esquisito”… Ponha o cérebro para funcionar e procure antes se perguntar “o que o diretor quis passar com a obra” (não estou dizendo que você é obrigado a gostar dos filmes, ok?). Clássicos como “2001” de Kubrick, “Solaris” de Tarkovsky, os filmes de Antonioni (“A Noite”, “A Aventura” ou “Deserto Vermelho”) ou Bergman (“Sétimo Selo”, “Morangos Silvestres” ou “Sonata de Outono”), assim como os mais recentes “O Homem Duplicado” e “A Chegada” de Dennis Villeneuve, por exemplo, possuem grandes discussões sobre o aspecto humano. O diretor e dezenas de profissionais não gastariam seu tempo à toa (apesar de que alguns blockbusters o fazem, mas isso é outro caso) para fazerem tais filmes. Pelo contrário, fazendo obras com uma abordagem “não convencional” e se preocupando em desenvolver seus personagens, mostram total confiança e respeito na capacidade cognitiva do público. Ponha o cérebro para funcionar, pois sua interpretação (baseado em elementos visto no filme) sempre será válida e poderá levar a outros aspectos jamais imaginados em conjunto com outra visões, até porque (devo ratificar) tais filmes estão discutindo aspectos humanos.

> Antes de repetir o velho chavão “Hollywood hoje em dia só faz filme de super-heróis”, se pergunte quantos filmes deste gênero disputaram o Oscar de melhor filme nos últimos anos. Ou seja, o problema não é que o cinema somente produz isso, você que vai pouco ao cinema. Para ter uma ideia, dos últimos 40 filmes no qual publicamos um texto, apenas quatro ou cinco eram baseados em HQs (fora que no ano de 2017 estão programados aproximadamente sete ou oito filmes do gênero, portanto…). A impressão de que somente se faz filme de super-heróis se deve pelas campanhas de marketing e os fãs, que perpetuam as informações na rede.

> Bilheteria não é sinônimo de qualidade. Não estou dizendo que um filme que arrecadou centenas de milhões seja ruim, pelo contrário. Entretanto, usar a receita de um filme como resposta para aquele amigo (ou crítico) que falou mal de seu filme preferido do último mês (e apresentou os motivos para tal) é um erro. Do mesmo modo, filmes com orçamentos menores, em muitos casos, são melhores que aqueles que custam 200, 300 milhões. Lembro que quando mais jovem ficava indignado quando alguns críticos ficam falando mal dos filmes que via (normalmente grandes produções) e ficavam elogiando filmes de diretores que pouco tinha ouvido falar. Eu achava tais profissionais altamente arrogantes, mas hoje, eu me arrependo de não ter descoberto na época (ou pelo menos no início da minha vida adulta) diretores como Antonioni, Fellini, Godard, Bergman, etc…

> Ver um filme na TV jamais substituirá a experiência do cinema. Encare o cinema como algo além de um passatempo, e sim como uma oportunidade de conhecer cada vez mais do mundo ao seu redor (assistindo gêneros e estilos diversos) num local pensando para exibir um filme, e claro, desfrutar de uma obra de arte (boa ou ruim) dentro de um local no qual, repetindo, foi pensado para exibi-lo (tanto fisicamente quanto psicologicamente). Inclusive, publicamos um artigo sobre o assunto (leia aqui). E lembrando: dublado, se possível, jamais!

> Sei que pode parece redundante, mas em hipótese alguma usem celulares dentro do cinema e não fiquem cochichando como se ninguém pudesse ouvir. Demonstre respeito pelo filme (mesmo que ele não faça o mesmo) e com as pessoas ao redor.  Fico estarrecido quando um meliante acende o celular como se estivesse na própria sala de casa (chamo a atenção mesmo). Aquilo irrita e tira o espectador mais atento do filme, podendo arruinar a opinião sobre a obra em si. Cinema não é local de convívio social (não no quesito interação), então aguarde o final do filme, pelo menos, para emitir sua opinião e ligar o celular.

> Procure sempre analisar o contexto social e político de um filme, como o diretor trata determinado segmento ou etnia. Assim também como o filme que está assistindo trata suas personagens femininas baseado no teste de Bechdel (se existem pelo menos duas mulheres no filme com nomes, se elas conversam entre si e se o assunto não envolva homens). Como disse o diretor Eric Rohmer: “Todo filme também é um documentário de sua época“. Portanto, numa era de luta pela inclusão cada vez maior de minorias dentro do cinema – e que este grupo possa se ver nas telas (mesmo que tardio) –  acaba tornado o cinema numa reflexo da sociedade. Assim, é triste ler comentários negativos de um filme porque a obra propõe discutir tais elementos ou realizar algum tipo de empoderamento como se isso não fosse inerente ao cinema (seja social, racial ou sexual). O Cinema, assim como as outras expressões artísticas, não são apolíticas!

> A identificação com um personagem ou filme passa um pouco distante do que o personagem realmente é, mas sim pelo fato dos conflitos e dramas dele sejam inerentes ao nosso mundo de alguma maneira (os chamados personagens bidimensionais). Assim, seguindo tal conceito, podemos identificar de maneira natural e verdadeira (através de personagens bem desenvolvidos, claro) o que eles estão sentindo, independente do personagem ser um homem, mulher, criança, mocinho ou bandido.  “O Cinema não trata exatamente dos fatos, mas sim a percepção deles”.

> Quando gostar de um filme (mas muito mesmo, a ponto de dizer que é o melhor filme que já viu) pare e pense um pouco antes de espalhar isso. Não estou dizendo, obviamente, sobre o que o público deve gostar ou não, mas em muitos casos é mais falta de referência (o que poderia tornar o filme em si em “um dos melhores” e não “o melhor…”). Lembro-me ter ouvido de amigos, na época de “Gladiador”, que o filme com Russel Crowe foi um dos melhores filmes já vistos por eles. Bem, nada contra o filme, mas a ponto de ser o melhor vai uma distância enorme (neste caso se tivessem visto filmes como “Spartacus”, “A Queda do Império Romano” e “Ben-Hur”, por exemplo, a “disputa” seria mais árdua). Ou seja, as nossas referências eram limitadas.

Bem, estes foram pontos que acho importante para apreciar melhor a sétima arte. Claro que existe outros infindáveis e inúmeros pontos e questões técnicas que abrangem cada parágrafo acima, mas espero que possa ter ajudado um pouco na discussão sobre aquilo que tantos amamos.

 
 * Rodrigo Rodrigues


Amante inexperiente da sétima arte, crítico por insistência, mas cinéfilo acima de tudo. Descobriu, ainda jovem, certos diretores como Sergio Leone, Billy Wilder, Fellini, Bergman, Antonioni, Scorsese e sua vida nunca mais foi a mesma. Acredita que a empatia, diálogo e o respeito ao próximo é a maior arma contra o fundamentalismo da sociedade conservadora e fundamentalista de hoje.

Texto e imagens reproduzidos do site: maxiverso.com.br

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